Monday, February 13, 2006

Paris, Texas - o cinema poético de Wim Wenders

Realizado por: Wim Wenders
Reino Unido, França, Alemanha, EUA, 1984

Diz o célebre ditado que "uma imagem vale mais do que mil palavras" e o cinema é o território ideal para construir uma teia ficcional de sentidos e experimentar modelos narrativos que nem sempre se esgotam nas fórmulas lineares de um género. O realizador alemão Wim Wenders gosta de baralhar as coordenadas e arriscar no valor afectivo das imagens, usando-as como objecto de reflexão de outras problemáticas, como a família (caso de Paris, Texas), a música (como no documentário Buena Vista Social Club) ou o próprio cinema (visível em O Estado das Coisas).
Sob o sol ardente do deserto árido do Texas um homem caminha, sozinho, na imensidão da paisagem. Sabe que não pode voltar ao passado. Só lhe resta despedir-se, para sempre.

Drama familiar, Paris, Texas, centra-se na deambulação de um amnésico (Harry Dean Stanton) em busca das memórias de um amor antigo por uma bela mulher, a inesquecível Nastassja Kinski. O filme venceu a Palma d'Ouro do Festival de Cannes e é talvez o mais intenso exercício afectivo de Wenders, que culmina com uma longa cena passada numa cabina de uma loja de sexo, com os dois protagonistas separados por um vidro e a entenderem as repercussões do seu amor. Paris, Texas é um exercício de melancolia inesquecível que questiona os limites da identidade.

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