Thursday, July 21, 2005

O Dogma segundo Lone

Aos 42 anos, Lone Scherfig é autora de dois filmes memoráveis na esfera cinéfila (The Birthday Trip e On Our Own). Assinou também vários trabalhos para a rádio, televisão e teatro. Hoje, o seu belo ITALIANO PARA PRINCIPIANTES ganhou o Urso de Prata do último festival de Berlim.

O que é que a seduzia na realização de um filme Dogma?

Lone Scherfig – Primeiro, poder fazer o que queria. (...) Depois, a ligeireza da produção. Do primeiro dia do argumento até ao último dia de montagem, as coisas desenrolaram-se incrivelmente rápido. Não tive que sofrer o peso de uma produção “normal” onde, por vezes, ficamos vários dias a rodar uma cena de um minuto.

Lars von Trier interveio muito?

Lone Scherfig – Estudámos na mesma escola de cinema. Pertencia ao ano anterior ao meu. Produziu também uma das minhas séries de televisão. Lars comportou-se comigo como um colega. É um excelente produtor. Conhece de cor as três versões sucessivas do argumento. E pode dar-me conselhos sensatos sobre o sítio em que colocar esta ou aquela cena.

O seu filme prefere o humor ao drama...

Lone Scherfig – O que eu temo sobretudo é a pretensão. Em ITALIANO PARA PRINCIPIANTES, tentei fugir à tristeza e ao sentimentalismo, mesmo que o meu filme, de facto, seja verdadeiramente triste e sentimental. Mas se o chega a ser, é porque eu desejei que nada fosse insistente... Quando trabalho, de qualquer modo, gosto de rir. Então, crio uma atmosfera de felicidade no plateau. É como quando um médico nos dá uma injecção. Ele sabe que vai magoar-nos, então prefere pôr-nos de bom humor.

Porque este fascínio pela Itália?

Lone Scherfig – Fantasma escandinavo... Mas, enfim, tinha vontade de filmar em Veneza. E depois, sempre amei o cinema italiano: Rossellini, Fellini...


O. D. B., Première

Janeiro 2002

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