Monday, February 27, 2006

11:14 - Onze Horas e Catorze Minutos

Realizado por: Greg Marcks
Canadá, EUA, 2003
Às onze e catorze da noite, as vidas suburbanas de um motorista bêbado, uma adolescente aborrecida, um pai protector, um metálico preguiçoso e uma rapariga manipuladora entram em rota de colisão, originando uma série de inesperadas voltas e reviravoltas...

Friday, February 24, 2006

...

Março | Ciclo "Encruzilhadas"

02_MAR:
11:14 - Onze Horas e Catorze Minutos de Greg Marcks

09_MAR:
21 Gramas de Alejandro González Iñárritu

16_MAR:
Colisão de Paul Haggis

23_MAR_Em_Órbita:
Corre Lola Corre de Tom Tykwer

Monday, February 20, 2006

De Olhos Abertos

Realizado por: Alejandro Amenábar
Espanha, Itália, França, 1997

Por vezes, as aparências iludem. Mesmo de olhos abertos, podemos viver num pesadelo!
César tinha tudo a seu favor - encantador, rico e incrívelmente bem parecido. Mas, por vezes, as aparências iludem.
Na noite do seu 25º aniversário, César conhece Sofia, e pela primeira vez pensa ter encontrado a mulher ideal. Mas depois de deixar Sofia, César é abordado por Nuria, a namorada que abandonou na véspera.
Perturbada pela forma como fora tratada Nuria pede-lhe outra oportunidade, implorando-lhe que a deixe entrar no carro. Um erro que lhe vai ser fatal, já que com a fúria dos ciúmes, Nuria atira o carro para fora da estrada, matando-se e desfigurando o antes lindíssimo César.
Depois do acidente, fantasia e realidade começam a misturar-se. César acorda numa prisão psiquiátrica, onde está a ser avaliado por uma morte de que não se lembra. Com a ajuda de um psiquiatra, revive os acontecimentos que ocorreram após o despiste, tentando perceber como chegou àquele pesadelo.
Se ele se lembra de lhe tratarem do rosto, porque razão ainda usa uma máscara? Se Nuria morreu no acidente, como é que voltou a ter vida? Se Sofia era o seu verdadeiro amor, porque é que a matou? Está César a viver um sonho ou será que ficou louco?

Monday, February 13, 2006

Paris, Texas - o cinema poético de Wim Wenders

Realizado por: Wim Wenders
Reino Unido, França, Alemanha, EUA, 1984

Diz o célebre ditado que "uma imagem vale mais do que mil palavras" e o cinema é o território ideal para construir uma teia ficcional de sentidos e experimentar modelos narrativos que nem sempre se esgotam nas fórmulas lineares de um género. O realizador alemão Wim Wenders gosta de baralhar as coordenadas e arriscar no valor afectivo das imagens, usando-as como objecto de reflexão de outras problemáticas, como a família (caso de Paris, Texas), a música (como no documentário Buena Vista Social Club) ou o próprio cinema (visível em O Estado das Coisas).
Sob o sol ardente do deserto árido do Texas um homem caminha, sozinho, na imensidão da paisagem. Sabe que não pode voltar ao passado. Só lhe resta despedir-se, para sempre.

Drama familiar, Paris, Texas, centra-se na deambulação de um amnésico (Harry Dean Stanton) em busca das memórias de um amor antigo por uma bela mulher, a inesquecível Nastassja Kinski. O filme venceu a Palma d'Ouro do Festival de Cannes e é talvez o mais intenso exercício afectivo de Wenders, que culmina com uma longa cena passada numa cabina de uma loja de sexo, com os dois protagonistas separados por um vidro e a entenderem as repercussões do seu amor. Paris, Texas é um exercício de melancolia inesquecível que questiona os limites da identidade.

Tuesday, February 07, 2006

O Regresso do Laranja Mecânica

Um dos benefícios da ainda recente reabertura ao público do Cine-Teatro de Alcobaça foi a possibilidade de os cinéfilos alcobacenses terem voltado a poder assistir regularmente a espectáculos de cinema na sua cidade.
Além da programação comercial da sua sala principal, tem também durante este ano e pouco merecido particular atenção a pertinente programação paralela dos ciclos 7ª à 5ª, semanalmente apresentados no seu pequeno auditório.
Esses ciclos têm tido a honra e a virtude de apresentar em Alcobaça filmes menos comerciais, os chamados filmes de autor, que, contudo, têm também o seu público, que até nem é assim tão escasso…
Muitos dos filmes que têm sido apresentados nesses ciclos são bastante recentes e actuais, mas não têm também ali faltado marcantes filmes de outras épocas. E aqui recordo ter também assistido na antiga sala do nosso renovado Cine-Teatro, já há umas boas dezenas de anos, à projecção de filmes tão significativos como O Mundo a Seus Pés (de Orson Welles), Ivan, o Terrível (de Sergei Eisenstein), Easy Rider (de Dennis Hopper) ou, entre muitos outros, 2001-Odisseia no Espaço, o filme que me tornou fã de Stanley Kubrick para todo o sempre…
(...)
Laranja Mecânica é, aparentemente, um filme sobre a violência e a delinquência juvenil. Todavia, do que Kubrick nele nos fala é da violência psicológica e da delinquência do poder. Seja ele político, ou não… Este não é um filme normal. Antes pelo contrário. O chefe do gang juvenil frequenta bares onde apenas se bebe leite e a sua música preferida é a Nona Sinfonia de Beethoven.
Todavia, somos logo por si seduzidos na primeira cena: ouvindo a irresistível música electrónica que Wendy (então Walter) Carlos compôs para este genial Kubrick, enquanto o olhar simultaneamente maroto e provocador de Alex (interpretado pelo inesquecível Malcolm McDowell) nos enleia na sua rede de irónica maledicência.
Poucos segundos depois Laranja Mecânica arranca para a sua caleidoscópica espiral de brutalidade, humor negro e suprema qualidade cinematográfica, a um ritmo tão imparável que só conseguimos sossegar mesmo no fim. Quando este filme concebido a partir do não menos genial romance homónimo de Anthony Burgess chega simultaneamente ao céu e ao inferno! Seja lá isso o que for…

José Alberto Vasco